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Como a Geração Sexo-Drogas-e-Rock’n’roll Salvou Hollywood – livro de Peter Biskind

Livro "Como a Geração Sexo-Drogas-e-Rock'n'roll Salvou Hollywood", de Peter BiskindO livro “Como a Geração Sexo-Drogas-e-Rock’n’roll Salvou Hollywood”, do jornalista americano Peter Biskind,  aborda a contracultura no cinema, mergulhando no universo de uma geração “sem destino”, que quebrou paradigmas de comportamento e abalou as opiniões enraizadas no senso comum. Com uma narrativa extensa e detalhada, repleta de casos e pormenores da vida dos maiores nomes de uma geração de profissionais de cinema que confrontou os chefes dos estúdios, a obra traça o perfil de um momento ultracriativo para uma indústria que até então se encontrava instalada no marasmo dos filmes mornos da geração de Doris Day e Rock Hudson.

Imersos em álcool, drogas e toda espécie de confusão regada à psicodelia, nomes como Francis Ford Coppola, Robert Altman, Martin Scorsese, Peter Bogdanovich, Arthur Penn, Dennis Hopper, Bob Rafelson e Bert Schneider têm suas vidas investigadas pelo sagaz Biskind, que parece farejar em cada passagem insólita da vida desses artistas talentosos, uma oportunidade para escrever sobre o universo contracultural americano.

Publicado pela primeira vez no Brasil em 1998 (com nova edição de 2009), o livro possibilita ao leitor uma vasta lista de filmes que jogaram sobre Hollywood uma ideologia de transgressão e desbunde sem precedentes. De ”Bonnie e Clyde – Uma Rajada de Balas” (1967) até ”Apocalypse Now” (1979) é possível visualizar os caminhos múltiplos e a herança maldita que uma geração de diretores legou à maneira de fazer filmes na indústria.

Ao público especializado em cinema, ”Como a geração…” é uma capciosa forma de entrar em contato com as particularidades da vitrine midiática mais importante dos Estados Unidos, que lhe rende contemporaneamente cifras de bilhões de dólares, mesmo quando a qualidade do que é ofertado é duvidosa – o que acontece frequentemente, é preciso ressaltar.

Biskind entremeia depoimentos de atores, produtores e diretores com o cuidado de apontar as contradições em suas falas, demonstrando que a memória é sempre seletiva, ainda mais quando relembra uma juventude ousada como a dos idos anos 1960 e 1970. Mas o que restou de toda essa transgressão na produção hollywoodiana atual é muito pouco. Quando os anos 1980 se iniciam e a era dos ”blockbusters” engrena, o gosto pelo proibido que moveu corações e mentes naqueles anos de ”Flower Power”, já não tem mais lugar. Ou melhor: seu lugar agora é nos livros, que como este, tentam condensar para a eternidade, a riqueza de um cinema que se permitiu ser mais arte e menos mercado, mesmo que somente por um breve intervalo de tempo.

Enviado por Thiago S. Crivelaro